Em um vídeo publicado no sábado (15), o homem aparece emocionado e diz que precisa da intervenção da autoridade para acelerar as investigações e encontrar os suspeitos.
"Secretário de Segurança Pública me ajude, porque a Justiça daqui de Eunápolis e Guaratinga não estão fazendo nada por mim. A Justiça paralisou, parece que botaram uma pedra em cima", desabafa Hiago Alves.
O assassinato aconteceu no dia 6 de julho, pouco mais de um mês depois que a vítima, que tinha 14 anos, se casou. O marido dela, que tem a mesma idade, é suspeito do crime. Ele e a família teriam fugido para o Espírito Santo.
No apelo, o pai de Hyara Flor, diz ainda que os envolvidos estariam se comunicando, através de ligações, com familiares que moram Guaratinga.
Hiago questiona o motivo da polícia não ter colocado escutas telefônicas para coletar informações sobre onde o suspeito está escondido. Assista ao vídeo abaixo
Vídeo: Reprodução / Redes sociais
Toda a filmagem foi feita enquanto Hiago e outros parentes, incluindo o avô da menina, construíam um jazigo no local onde o corpo dela foi enterrado. O homem comenta que todos estavam empenhados na construção, mesmo com o tempo chuvoso na cidade.
Em contato com o iBahia, a Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) informou que "a Polícia Civil está com todas as equipes empenhadas para elucidar o caso".
De acordo com informações divulgadas na última semana pelo delegado Moisés Damasceno, que é coordenador regional da Polícia Civil e acompanha o caso, depois do crime, o adolescente teria fugido para se juntar a uma comunidade em outro estado. A polícia está seguindo os envolvidos, porém, até então, ninguém foi preso.
"Depois do tiro, ele e a família dele fugiram por uma estrada que dá acesso a Minas Gerais, e, de lá, foram para o Espírito Santo. Nós enviamos uma equipe aqui da Bahia, que se juntou a equipes de lá, e, durante diligências, conseguiram localizar o imóvel, em Vitória, onde eles teriam chegado, e, de lá, teriam partido para uma comunidade cigana, que fica no município de Cariacica".
O pai de Hyara já tinha acusado a família do genro antes. Em entrevista à TV Bahia, Hiago Alves alegou que uma vingança envolvendo uma traição teria motivado o feminicídio. O homem pede justiça.
"Eles armaram, me induziram [a conceder o casamento]. Mataram minha filha, em uma morte injusta, por vingança. Meu irmão tinha caso com a mulher dele [sogro de Hyara], ao invés dele descontar e brigar com meu irmão, eles mataram minha filha inocente", disse o pai da vítima. "Eu quero pedir justiça pela minha filha, em primeiro lugar. Mataram uma criança inocente. Eu quero justiça, a justiça de Deus e a da delegacia”, completou.
Ainda de acordo com Hiago, em entrevista à TV Bahia, a adolescente vinha sofrendo violência doméstica desde o dia em que foi morar com a família do marido. Isso há cerca de 46 dias, quando o casamento foi celebrada em uma igreja católica de Guaratinga.
“Minha filha, desde o primeiro dia que casou com ele, estava sofrendo. Compraram estaca [pedaço de pau] para bater em minha filha. Vi minha filha com o braço roxo e perguntei o que era aquilo. A mãe dele [genro] não deixou minha filha responder, e disse que tinha sido eles dois brincando, que ele tinha mordido ela”.
"Hyara e Amadeus se casaram há menos de dois meses. Os dois tem 14 anos, são ciganos e, conforme a tradição, sendo as famílias amigas, o casamento foi arranjado pelos pais. Essa semana Hyara foi assassinado com tiro de pistola. Amadeus seu pai e outro homem fugiram, e estão sendo caçados pela polícia e pelo pai de Hyara. Foi na Bahia", escreveu ela no Instagram.
Os internautas que seguem a escritora da TV Globo pediram que a autora de "Travessia" faça um folhetim com o enredo. "Já faça uma novela com enredo de ciganos", pediu uma. "A menina era bonita demais para esse Amadeus. Que dó do pai...O que será que aconteceu?", questionou outra.
"É complicado falar da cultura de um grupo mas tenho a infelicidade de viver próximo a uma família cigana e pelo amor de Deus! Como são machistas, brigões e irresponsáveis! Eu lutei pra não ter preconceito, li a respeito, ouvi um podcast do governo federal sobre o assunto mas não dá! Parece não haver exceção!!! É uma judiação! São completamente machistas e selvagens", escreveu mais uma.