Redação iBahia •
Subiu para 9 o número de vítimas do ginecologista acusado de assédio por pacientes, em Salvador. Os casos estão sob apuração da Polícia Civil, com acompanhamento do Ministério Público da Bahia (MP-BA). O médico segue afastado das atividades no Grupo CAM, onde fez os atendimentos que geraram as situações.
"Como nós tomamos conhecimento de uma violação, que é uma violência de gênero, afinal são várias vítimas mulheres. Por se tratarem de mulheres, que vão ao profissional acreditando na credibilidade desse profissional, e acabam sofrendo alguma violência. sexual. Então, a gente abre aqui o procedimento e acompanhamos junto com a polícia o desenrolar disso, para que futuramente nós tenhamos elementos para o oferecimento da denúncia", disse a promotora Sara Gama.
Uma dessas vítima é uma jovem comunicóloga de 24 anos, que conversou com exclusividade com o iBahia nesta semana e relatou as situações vividas durante uma consulta com o profissional, em fevereiro de 2022. Ela procurou o portal depois das denúncias divulgadas pela TV Bahia envolvendo o médico.
A vítima explicou que prestou uma queixa na Ouvidoria do Grupo CAM, mas não deu continuidade com o registro policial ou denúncia no Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb) na época, por acreditar que o caso ficaria impune.
A jovem, que preferiu não se identificar, contou que foi ao médico para ter acesso à guia para exames de rotina. Ela já tinha contato com Elziro Gonçalves de Oliveira desde 2020. Em fevereiro de 2022, quando foi atendida por ele, a jovem relatou que ele olhou fixamente para ela e, ao final, fez um pedido inesperado.
"Às vezes, eu pensava que era da coisa minha cabeça. A gente é criada assim. E no ano passado, eu fui para a consulta pegar os pedidos de exames. E ele ficou olhando sempre para o meu peito. Foi uns 15 a 20 minutos. Na saída, ele pediu para eu tirar a máscara. Eu me recusei e ele disse que queria ver meu rosto", detalhou a jovem.
A comunicóloga se surpreendeu porque o profissional de saúde reagiu às negativas dela. Ele teria insistido. "Saí da sala extremamente nervosa. Saí da clínica e fui direto para casa do meu namorado e fiz uma queixa na ouvidoria. Relatei tudo que tinha acontecido e eles disseram que iriam averiguar o caso. Uns três dias depois mais ou menos, me ligaram de volta. Eles me pediram desculpas, que não era a conduta do médico e até me ofereceram uma outra consulta gratuita. Mas, eu sou paciente de plano e disse que não voltaria mais lá", concluiu a vítima.
O médico foi descredenciado pela Clínica CAM em maio. A paciente não soube informar o motivo. "Dá gatilhos. A gente fica pensando...eu me identifiquei com os relatos das meninas, tive toques estranhos, sabe?! Eu acho que fui mais assediada do que eu pensava. Uma pessoa dessa não pode mais ter CRM. Se fez comigo imagine com quantas outras meninas", desabafou.
Em nota enviada ao portal, o grupo CAM informou que as denúncias feitas nos canais de comunicação para escuta são todas respondidas de forma sigilosa, garantindo a privacidade dos pacientes.
Ainda no posicionamento, o grupo, que foi fundado há 45 anos, disse que "preza pelo atendimento humanizado, atuação ética e em estrita observância à legislação vigente e seus valores e princípios, repudiando, veementemente, toda forma de assédio ou conduta desrespeitosa ou inadequada".
O que diz o médico
Por telefone, o ginecologista de 71 anos, que tem 45 anos de exercício profissional e trabalha no Casseb há 30 anos, negou o assédio. Disse que foi ouvido pela coordenadora da unidade, afastado e viajou para outro estado. "Eu fiz a minha defesa. É... Não houve nada do que a paciente está alegando. Não estou entendendo o porquê. Nunca tive um queixa, nunca tive um problema", afirmou.
Disse ainda que explicou que abaixaria o lençol para explicar o preventivo para a paciente e negou que não usou luvas no procedimento. Em nota, a direção do Casseb confirmou que averigua o caso, convidou a denunciante para ser ouvida três vezes, mas teve os pedidos negados. Disse ainda que precisa ouvir a paciente para continuar com as investigações. A direção do plano afirmou ainda que desmarcou todas as consultas previstas para o ginecologista pelo prazo de 30 dias.