A sogra Hyara Flor Santos Alves, garota cigana de 14 anos que foi assassinada em Guaratinga, no extremo sul da Bahia, será investigada por homicídio culposo e posse ilegal de arma. O pedido de inquérito policial foi divulgado nesta terça-feira (1º), após audiência de custódia.
Na mesma decisão, foi definido que o marido da vítima, que tem a mesma idade que ela tinha e é suspeito do crime, seguirá apreendido no Espirito Santo. O adolescente será internado em uma unidade do Centro Integrado de Atendimento Socioeducativo (Ciase) do Espírito Santo.
Segundo o g1, a Justiça entendeu que o garoto deve permanecer fora da Bahia para garantir a integridade física, já que sofreu ameaças de morte por causa da situação.
Por outro lado, a família da vítima pede a transferência dele para o estado. Eles alegam que o garoto estaria sendo privilegiado e não está cumprindo a internação do jeito que deveria ser cumprida. Um protesto foi feito na segunda-feira (31).
Para a TV Santa Cruz, a família da menina disse que não pretende fazer justiça com as próprias mãos e que confia na Justiça da Bahia. A família também pede que o pai do marido da vítima seja responsabilizado, já que a arma utilizada pertencia a ele.
No entanto, a polícia ainda não definiu a causa do crime. Inclusive, a família da vítima acredita que tudo tenha sido um ato de vingança, por causa de uma traição entre o tio da menina e a sogra dela.
Caso
O assassinato aconteceu no dia 6 de julho, pouco mais de um mês depois que a vítima se casou com o suspeito. O laudo da necropsia, que foi divulgado pelo g1 com exclusividade, mostra que a causa da morte foi "asfixiada por lesão complexa". O termo médico indica que Hyara Flor se asfixiou no próprio sangue após ser baleada.
"Eles armaram, me induziram [a conceder o casamento]. Mataram minha filha, em uma morte injusta, por vingança. Meu irmão tinha caso com a mulher dele [sogro de Hyara], ao invés dele descontar e brigar com meu irmão, eles mataram minha filha inocente", disse o pai da vítima. "Eu quero pedir justiça pela minha filha, em primeiro lugar. Mataram uma criança inocente. Eu quero justiça, a justiça de Deus e a da delegacia”, completou.
Ainda de acordo com Hiago em entrevista à TV Bahia, a adolescente vinha sofrendo violência doméstica desde o dia em que foi morar com a família do marido. Isso há cerca de 46 dias, quando o casamento foi celebrada em uma igreja católica de Guaratinga.
“Minha filha, desde o primeiro dia que casou com ele, estava sofrendo. Compraram estaca [pedaço de pau] para bater em minha filha. Vi minha filha com o braço roxo e perguntei o que era aquilo. A mãe dele [genro] não deixou minha filha responder, e disse que tinha sido eles dois brincando, que ele tinha mordido ela”. Alguns dias atrás, um vídeo que circula nas redes sociais mostra o sogro de Hyara Flor Santos Alves exibindo uma arma de fogo enquanto bebe dentro de um bar. A advogada da família, Janaína Panhossi, contou que a família acredita que a arma exibida pelo homem pode ser a mesma utilizada no crime. No entanto, ainda não há essa informação.
"Hyara e Amadeus se casaram há menos de dois meses. Os dois tem 14 anos, são ciganos e, conforme a tradição, sendo as famílias amigas, o casamento foi arranjado pelos pais. Essa semana Hyara foi assassinado com tiro de pistola. Amadeus seu pai e outro homem fugiram, e estão sendo caçados pela polícia e pelo pai de Hyara. Foi na Bahia", escreveu ela no Instagram.