Baianidade, humor e diferentes vivências para se abordar? "Ó Paí, Ó 2" oferece isso e muito mais. É o que destaca o ator Lázaro Ramos, que interpreta o icônico personagem Roque. Em entrevista exclusiva ao iBahia, na tarde desta quarta-feira (15), o baiano afirma que o novo longa existe por causa da paixão do público pelos elementos e narrativas do filme.
Filmado novamente em Salvador, a história dá sequência aos episódios após a tragédia vivida por Dona Joana (Luciana Souza), além da tentativa de toda a comunidade fictícia do Pelourinho de salvar o bar de Neuzão (Tânia Toko) - perdido para um grupo de chineses e que gera comoção de toda a comunidade. A estreia nacional do longa está marcada para o dia 23 de novembro.
"Não estava nos planos fazer um novo filme. Teve a peça, o 1º filme, a série e o grupo achava que a história estava concluída. Só que nos últimos seis anos, a história voltou com muita força, principalmente por redes sociais. As pessoas replicaram as cenas, as expressões dos personagens viraram figurinhas [...] De repente, o grupo percebeu que os personagens do 'Ó Paí, Ó' eles representam temas que foram muito importantes para o Brasil. Cada um deles representa alguma coisa", explica o ator.
A obra mistura comédia, música, drama e crítica social, além de oferecer uma visão rica e de diferentes ângulos sobre a vida no Pelourinho. O novo filme, lançado 15 anos após o primeiro longa, não se atualiza apenas dos temas, como amplia o horizonte para uma diferente visão de mundo.
"No 'Ó Paí, Ó' a gente fala sobre moradia, luta contra o racismo, afetividade, sobre saúde mental e isso a gente não falava no primeiro filme, criação dos filhos, alternativas de existência dos adolescentes, o público foi o responsável pelo grupo se juntar e fazer acontecer esse novo filme", diz Lázaro Ramos.
Elenco diferenciado
O público vai reencontrar personagens conhecidos como Dona Joana (Luciana Souza), o casal Reginaldo (Érico Brás) e Maria (Valdineia Soriano), a Baiana (Rejane Maia), Seu Matias (Jorge Washington), Dona Raimunda (Cássia Valle), Yolanda (Lyu Árison), Neusão (Tânia Toko), Psilene (Dira Paes), Lúcia (Edvana Carvalho), além de novos integrantes da trama.
Para Lázaro, gravar novamente com todos esses atores é ainda mais especial. Em meio a risos, o ator dividiu ter voltado ao passado de adolescente enquanto rodava as diferentes cenas ao lado dos ídolos dele.
"No primeiro dia de filmagem eu parecia o Lázaro com 15 anos de idade. Eu ficava fazendo palhaçada, contando história, querendo muito que eles gostassem de mim. Os atores e as atrizes do bando são meus primeiros ídolos, ainda tem esse lugar. Fazer o 'Ó Paí, Ó' não é só especial para o público e sim pra nós [elenco] aqui também. Voltar a andar nos lugares que os personagens andavam, falar do jeito que os personagens falam, as expressões de Roque, é prazeroso de fazer", rememorou.
"Os encontros com o todo o elenco gera cada pérola. As vezes a gente ensaia a cena muito pouco e quando roda [as filmagens] um mágica acontece. 'Ó Paí Ó' é diferente. Tem muitos momentos de improviso, é essa essência", disse.
O que o Roque de agora diria para o de 15 anos atrás?
É o próprio ator que responde o questionamento. Lázaro Ramos brinca que se pudesse dizer algo para o personagem, ele indicaria um pilates.
"Cuide do joelho pois você continuará dançando. Fazer as danças dessa vez foram bem difícies. Eu fiquei exausto. As pessoas achando que eu era o Lázaro de 16 anos atrás e eu não sou mais [risos]. Tem uma cena que eu faço dançando e eram 20 takes. No 10º eu não aguentava mais. Eu diria a ele: 'faz um negócio de um pilates'", brincou.
Foi escutando as diferentes histórias e queixas da população do Pelourinho que a trama do 'Ó Paí Ó' nasceu sob as mãos de Márcio Meirelles. A trama traz as histórias e em qual situação do cotidiano o teatro precisa dar atenção.
"Esse projeto nasceu para ser assim: a voz de muitas pessoas e representar a realidade de Salvador. Tem muita força por isso: é uma escuta de uma determinada realidade. E que agora se atualiza com os temas que evoluiram ao longo dos 15 anos do nosso país", disse.
Roque quase fora da sequência
O personagem Roque não iria participar do segundo filme. O Bando de Teatro do Olodum começou a filmar uma sequência em 2019. No entanto, Lázaro não possuia agenda. Após a flexibilização da Covid-19, os roteiristas e diretores se reuniram e um novo roteiro nasceu.
"Uma curiosidade é que eu não faria parte desse filme que gravamos antes da pandemia. Eu estava sem agenda e não poderia fazer. A turma começou a fazer no dia 2 de fevereiro e eu não filmei nada. A história seria construída para eu ter uma cena muito pequena. Quando chegou a pandemia que mudou o roteiro e a história foi para um lugar muito mais interessante. A gente trouxe um elenco jovens e temas dentro da atualidade", explicou.
O ator ainda reforçou sobre a possibilidade de novos derivados do longa nascerem a partir do sucesso da sequência.