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Vinícius Jr. chora ao falar sobre racismo: "cada vez mais triste"
Esportes
Publicado em 25/03/2024

Um dos principais jogadores do Real Madrid, Vinícius Junior vai entrar em campo no Santiago Bernabéu nesta terça-feira, 26, pela Seleção Brasileira, em amistoso contra a Espanha. O atacante concedeu entrevista coletiva nesta segunda, 25, e se emocionou ao relatar sua luta diária contra o racismo no futebol espanhol.

“É cada vez mais triste. Cada vez eu tenho menos vontade de jogar. Acredito que seja muito triste tudo que eu venho passando a cada jogo, a cada dia, a cada denúncia vai aumentando. É muito triste, não só eu, mas todos os negros que sofrem no dia a dia. O racismo verbal é minoria perto de tudo que os negros passam no mundo”, desabafou Vini.

Do A tarde

O brasileiro, que além de se destacar dentro de campo também é referência na luta contra o racismo, citou a dificuldade de seu pai e reforçou que quer deixar um mundo melhor para seu irmão, de apenas cinco anos.

“Meu pai sempre teve dificuldade por ser negro. Entre ele e um branco, sempre vão escolher um branco. Tenho lutado bastante por tudo que tem acontecido comigo. É desgastante por estar meio sozinho. Já fiz tantas denúncias e ninguém é punido, nenhum clube é punido. A cada dia, luto por todos que passam por isso. Se fosse só por mim e pela família, não sei se continuaria. Mas fui escolhido para defender uma causa bem importante e que eu estudo a cada dia para que no futuro meu irmão de cinco anos não passe pelo que estou passando”, contou o jogador.

Vini Jr. também contou de onde tira forças para enfrentar essas dificuldades e também como lida com a falta de punição para as pessoas que cometem o crime.

“Acredito que por todas as pessoas que torcem por mim, me acompanham e me mandam cada vez mais mensagens, vou seguir lutando por eles. Hoje tenho uma força grande dentro de mim, da minha casa, da minha família, eles me apoiam em tudo o que vou fazer. Nem todos têm esse apoio, podem vir aqui falar por tantas pessoas. Eu quero seguir por eles, por todas pessoas que sabem o que passo e passei e que sabem que é muito difícil’, afirmou.

“Se a gente começar a punir todas essas pessoas que cometem crime e aqui eles não consideram crime, vamos começar a evoluir, tudo vai ficar melhor para todo mundo. Faço tantas denúncias, muitas vezes chegam cartas para fazerem mais denúncias, mas no final acontece como aconteceu com meu amigo em Barcelona, eles arquivam o processo e ninguém sabe de nada. Se a gente começar a punir essas pessoas, não que eles vão mudar o pensamento, mas vão ficar com medo de falar, seja no estádio, onde tem câmeras... e assim vamos diminuir isso, colocar medo naquelas pessoas. E que eles possam também educar seus filhos. Muitas vezes aqui tem criança me xingando e eu não culpo a criança, porque eles não entendem, eu na idade deles não entendia o racismo. É complicado”, complementou.

O amistoso entre Espanha e Brasil está marcado para as 17h30 desta terça-feira, 26, no Santiago Bernabéu, em Madrid.

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