Por Matheus dos Santos | Folhapress
O governo de Tóquio, capital do Japão, anunciou no começo de dezembro (3) que planeja implementar uma semana de quatro dias de trabalho para funcionários públicos. A medida busca incentivar casais a terem filhos e está marcada para começar a partir de abril de 2025.
O país tem atravessado uma crise de natalidade. Segundo a agência de notícias Reuters, o número de nascimentos no Japão caiu pelo oitavo ano consecutivo e atingiu seu menor patamar em 2023.
Segundo o Japan Times, o anúncio foi feito pela governadora de Tóquio, Yuriko Koike, em discurso na Assembleia Metropolitana da cidade. "Continuaremos a revisar os estilos de trabalho de forma flexível para garantir que as mulheres não tenham de sacrificar suas carreiras devido ao nascimento ou criação de filhos."
O objetivo, segundo Koike, é criar "um futuro onde tanto homens quanto mulheres possam prosperar".
Hoje, os funcionários do governo metropolitano têm uma jornada de trabalho que permite um dia extra de folga a cada quatro semanas. A regra será revisada para permitir um dia fixo de folga por semana.
Outra medida anunciada foi a possibilidade de pais com filhos matriculados do primeiro ao terceiro ano do ensino fundamental poderem trocar parte de seus salários pela opção de sair mais cedo do trabalho.
"Agora é o momento para Tóquio tomar a iniciativa de proteger e melhorar as vidas, os meios de subsistência e a economia de nosso povo durante estes tempos desafiadores", afirmou Koike.
Em 2023, os nascimentos no Japão caíram 5,1% em relação ao ano anterior (foram pouco mais de 758 mil bebês). Os casamentos também diminuíram 5,9%, para aproximadamente 489,2 mil -a primeira vez em, ao menos 90 anos, que ficou abaixo de 500 mil.
O secretário-chefe do gabinete do país, Yoshimasa Hayashi, disse em fevereiro que a taxa de natalidade está em uma situação crítica. "Os próximos seis anos ou mais, até 2030, quando o número de jovens diminuirá rapidamente, serão a última chance de reverter a tendência", afirmou na ocasião.
O total de menores de 15 anos no Japão está em baixa recorde e representa 11,4% da população total, enquanto o número de pessoas com mais de 65 anos está em uma máxima recorde de 29,1%, segundo o Ministério de Assuntos Internos e Comunicação do país.
De acordo com estimativas do Instituto Nacional de Pesquisa da População e da Seguridade Social, a população do Japão deve diminuir cerca de 30% para 87 milhões até 2070, com 4 em cada 10 pessoas tendo 65 anos ou mais.
No Brasil, idosos devem ser a maior parcela da população em 2070, com quase 4 de cada 10 brasileiros, segundo projeções do IBGE.
Há também um debate sobre o fim da escala 6x1, que propõe alterar a jornada dos trabalhadores. O tema virou alvo de uma proposta da deputada Erika Hilton (PSOL-SP), que busca alterar o artigo 7º da Constituição, inciso 13, que trata do tema.
A sugestão da parlamentar é adotar uma jornada de quatro dias semanais, seguindo o exemplo de alguns países do mundo e de algumas empresas no Brasil. Segundo especialistas, a medida pode gerar diminuição do estresse e da exaustão dos trabalhadores.