Gilvan Souza Flamengo
Por Bahia Noticias
A permanência de José Boto no cargo de diretor de futebol do Flamengo vive seu momento mais delicado desde sua chegada ao clube, no início do ano. Após a eliminação no Mundial de Clubes e uma série de decisões contestadas nos bastidores, o dirigente passou a enfrentar forte pressão de conselheiros, torcedores e apoiadores do presidente Luiz Eduardo Baptista, o Bap.
A gestão de Boto vem sendo duramente criticada por pontos que vão desde gastos considerados excessivos até decisões técnicas polêmicas. Um dos principais focos de descontentamento é o salário do diretor, que de acordo com as informações do portal Lance!, ultrapassa em R$ 240 mil o vencimento do técnico Filipe Luís. Além disso, o Flamengo ainda arca com despesas de aproximadamente R$ 50 mil com aluguel de um imóvel na Barra da Tijuca, além de veículo blindado e segurança particular para o dirigente.
Outro episódio que gerou incômodo foi a desistência repentina da contratação do atacante Mikey Johnston, do West Bromwich. O jogador irlandês tinha chegada marcada ao Rio de Janeiro nesta terça-feira (8), mas o negócio foi cancelado no domingo à noite após pressão interna e rejeição de parte da torcida. Inicialmente, falou-se em reprovação nos exames médicos, mas a motivação real teria sido política.
As críticas se ampliaram após a renovação contratual de Gerson até 2030. O jogador, que antes tinha multa rescisória de 200 milhões de euros (R$ 1,2 bilhão), passou a ter cláusula de saída de 25 milhões de euros (R$ 160 milhões), valor pago pelo Zenit após o Mundial. O volante Erick Pulgar passou por situação semelhante: de uma cláusula inicial de 60 milhões de euros (cerca de R$ 387 milhões), a nova multa foi reduzida para 6 milhões de dólares (R$ 34,8 milhões), válidos a partir de 2026.
A possível saída do jovem volante Victor Hugo para o Famalicão, de Portugal, sem compensação financeira imediata, também revoltou membros da diretoria. O meia, que estava emprestado ao Goztepe, da Turquia, ainda tem dois anos de contrato com o Flamengo. O clube manteria apenas 30% de uma futura venda.
Nos bastidores, aliados políticos de Bap tentaram frear as ações de Boto, solicitando a suspensão de qualquer negociação de entrada, saída ou renovação. A tentativa, porém, não teve sucesso — o diretor segue tocando tratativas, incluindo a busca por reforços com o valor recebido pelo clube no Mundial.
Outro ponto de tensão gira em torno do técnico Jorge Jesus. Bap, que manifestava abertamente o desejo de repatriá-lo, viu o nome do português perder força diante dos bons resultados de Filipe Luís. Caso decida por uma reviravolta, o presidente terá de lidar com a resistência de Boto, que tem má relação com o ex-comandante rubro-negro.
Na base, a substituição de Cleber dos Santos, campeão da Libertadores Sub-20, por Nuno Campos também gerou ruídos. O português, contratado por Boto, pediu demissão dois meses após assumir a equipe, agravando o clima interno.