A apresentadora Xuxa Meneghel resolveu desabafar e decidiu expor em linhas todas as ofensas que sofreu desde a infância e por toda a sua carreira. Em um texto para a Revista Vogue, a artista enumerou diversos ataques, no momento em que vem sendo criticada por escrever um livro LGBT voltado para o público infantil.
Desde jovem, quando chegou ao Rio, Xuxa relembrou de quando foi chamada de “interiorana”, “caipira” e “suburbana”. Os preconceitos e ofensas, no entanto, ficaram ainda mais graves quando seus relacionamentos amorosos começaram a repercutir nacionalmente.
“Aos 17 anos, namorei Pelé, o maior ídolo do país por 6 anos e foi aí que eu conheci a maldade real das pessoas. Fui chamada de puta, interesseira que queria aparecer às custas de um rico famoso, garota de programa de luxo e muitos outros nomes. [...] Depois comecei outro relacionamento, com o segundo maior ídolo desse país [Ayrton Senna], o que incomodou muita gente. Diziam que era um relacionamento de fachada”, disse.
Assim que começou a trabalhar com o público infantil, aos 20 anos, Xuxa passou a escutar novos desagrados, que iam desde mentiras sobre relacionamentos amorosos com paquitas, até mesmo casos com sua diretora na época. Taxada de “loira burra” e “despreparada”, ela ouviu que não poderia trabalhar com crianças.
“Resolvi ter minha filha aos 35 anos sem me casar e disseram que eu era mau exemplo para os públicos infantil e adolescente. O então ministro José Serra, na época, disse até que eu estava incentivando as jovens a seguir o meu exemplo. Será que trabalhar muito, ter uma conta bancária alta, ser uma mulher independente, resolver ter filho aos 35 anos, cuidar da saúde, não fumar, não beber, são maus exemplos?”, questionou, destacando que ao se casar com 50 anos e decidir raspar a cabeça, novas críticas surgiram.
Xuxa também relembrou as polêmicas que surgiram sobre sua participação no filme “Amor, Estranho Amor” e frisou que muitos não tinham sequer visto filme para entender a real história retratada: “Eu fazia o papel de uma menina de 15 anos comprada no interior para ser dada a um político. Nada a ver com a minha biografia, mas amam dizer que sou eu, a ‘Xuxa dos Baixinhos’ e não a personagem, menina que foi vendida para um prostíbulo - que aliás é um tema tão atual…”.
Agora, aos 57 anos, a apresentadora voltou a ser alvo de críticas por decidir contar em um livro a história de sua afilhada Maya, que foi criada por duas mães. Ao rebater os comentários maldosos, Xuxa fez uma reflexão e afirmou que seu Deus “é tudo, menos preconceituoso, homofóbico, racista, gordofóbico, machista” e que Ele “aceita todos como são”.
“Não posso admitir que algumas pessoas que se intitulam cristãos, evangélicos, venham falar em nome de todas as pessoas que realmente têm Deus no coração. Aliás, conheço muitos pastores, bispos, padres, espíritas, budistas que amam Deus e entendem que só Ele pode melhorar o mundo porque Ele é amor”, continuou.
Em seu desabafo, Xuxa também deixou claro que toda a renda gerada com as vendas dos livros será destinada para instituições protetoras dos animais no Brasil e também para a aldeia evangélica Nissi, que fica em Angola.
Ciente de que está ajudando o próximo por meios corretos, a apresentadora acredita que os ataques ainda serão presentes, mas aproveitou o momento para dar um recado aos intolerantes: “Sei que ainda serei muito criticada na vida, mas todas as noites eu peço a Deus para me mostrar o caminho onde eu possa ajudar alguém de alguma forma. Agora, eu peço aos intolerantes. Não querem ajudar? Não atrapalhem! O mundo não precisa da sua ignorância, do seu desamor. E eu? Vou continuar rezando meu pai nosso ‘afastai-me de todo mal, amém’”.