Falsa enfermeira ganha liberdade provisória
Por Carlos Eduardo Alvim e Raquel Freitas, TV Globo/G1 Minas — Belo Horizonte
O Tribunal Regional Federal (TRF-1) concedeu, neste sábado (3), liberdade provisória à cuidadora de idosos que se passava por enfermeira, presa por suspeita de vacinar empresários do setor do transporte em Belo Horizonte. Cláudia Mônica Pinheiro Torres de Freitas foi detida na última quarta-feira (30) pela Polícia Federal.
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Mulher que teria vacinado 57 pessoas em garagem da família Lessa sai da cadeia — Foto: Reprodução/TV Globo
Falsa enfermeira recebeu habeas corpus — Foto: Reprodução/TV Globo
A decisão que determinou que ela seja solta foi tomada pela desembargadora Ângela Catão depois que a defesa da falsa enfermeira entrou com um habeas corpus. Ela saiu da Penitenciária Estevão Pinto por volta das 16h30.
Cláudia teria vacinado pelo menos 57 pessoas em uma garagem da família Lessa, que comanda grande parte das empresas de transporte da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Robson Lessa e Rômulo Lessa admitiram que organizaram a imunização que seria contra Covid-19.
A polícia também investiga se ela vacinou outras pessoas no início do mês de março.
Laudo confirma que parte de material era soro fisiológico — Foto: Polícia Federal/Reprodução
'Tudo indica' que vacinas sejam falsas
Supostas vacinas contra a Covid-19 apreendidas pela Polícia Federal em BH. — Foto: Polícia Federal/Divulgação
Uma das três linhas de investigação da Polícia Federal sobre o esquema de vacinação clandestina envolvendo políticos e empresários do setor de transporte de Belo Horizonte vem ganhando força à medida que a Operação Camarote avança. Os imunizantes aplicados não seriam realmente contra a Covid-19, mas sim falsificados.
“Pelos indícios do material que foi identificado, tudo indica que seja material falso”, disse o delegado Rodrigo Morais Fernandes.
O delegado Leandro Almada havia adiantado à TV Globo três linhas de investigação: supostamente, pode ter havido a importação irregular ou ilegal de imunizantes; também há hipótese de desvio de imunizantes pelo Ministério da Saúde; e fraude. Já as seringas de 3 ml, também encontradas na casa da falsa enfermeira, são indicadas para este fim.
Procurada, a defesa de Cláudia Mônica não se manifestou sobre o assunto.
Um laudo da Polícia Federal comprovou que parte do material apreendido na casa de Cláudia é soro fisiológico. Nenhum indício de vacina contra Covid foi encontrado até o momento.
Irmão Lessa admitem vacinação
Rômulo Lessa, de camisa escura, chega acompanhado do irmão, Robson Lessa, na Polícia Federal — Foto: Reprodução/TV Globo
Os irmãos Rômulo e Robson Lessa, donos da empresa de transportes Saritur, admitiram em depoimento à Polícia Federal, realizado na segunda-feira (29), que compraram vacinas contra a Covid-19.
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O valor cobrado por duas aplicações foi de R$ 600.
PF cumpre mandados em casa de falsa enfermeira — Foto: Reprodução/TV Globo
De acordo com a PF, a mulher, que fingia ser enfermeira, teria comercializado a vacina falsificada, importada ilegalmente ou desviado do Ministério da Saúde para outras pessoas em Belo Horizonte, além dos investigados na operação Camarote.
Mandados de busca e apreensão foram cumpridos na garagem onde supostamente ocorreu a vacinação e em residências dos empresários. Aparelhos celulares, computadores e documentos, incluindo uma lista com 57 nomes de pessoas que teriam se vacinado clandestinamente, foram apreendidos.
A defesa de Robson e Rômulo Lessa informou que os irmãos não vão se manifestar. Disse apenas que eles foram ouvidos como testemunhas no inquérito e não como investigados
A operação foi deflagrada após reportagem da revista Piauí, publicada no dia 24 de março, quando foi revelada por meio de vídeos a vacinação clandestina de empresários e políticos dentro de uma das garagens de empresas comandadas pelos irmãos Lessa.