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Bahia vai reintegrar Ramírez, acusado de injúria racial por Gerson, do Flamengo
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Publicado em 25/12/2020

O presidente do Bahia, Guilherme Bellintani, anunciou que o meia Ramírez, acusado por Gerson de injúria racial durante a vitória do Flamengo pelo Brasileirão, será reintegrado ao elenco.

Pelo relato do meia do Fla na saída de campo, o colombiano teria dito "cala boca, negro" durante uma discussão após o primeiro gol do time baiano. O placar estava 2 a 1. Ramírez negou a acusação, alegando posteriormente, em vídeo, que disse "joga sério".

- A gente esforçou e não conseguiu identificar outra prova ou circunstância além da palavra da vítima. Isso não é um reducionismo. A palavra da vítima é relevante e importante. Ponto. Não consegui cravar que a decisão mais correta seria abandonar a presunção de inocência de Ramírez. Consolidamos a ideia que ele deve continuar no clube, ser reintegrado imediatamente e ficarmos atentos aos processos que estão acontecendo: polícia, Ministério Público, STJD, Entendendo que qualquer outro fato que surja vai merecer análise. Procurei esse tipo de orientação, sou dono das minhas decisões, a responsabilidade é minha. O Bahia seguirá firme e eu peço a confiança das pessoas. Existe aí um recado muito forte de que temos muito mais para fazer - disse Benlintani, em entrevista à TVE Bahia.

Bellintani disse, em entrevista ao GLOBO, que "quanto mais investigações, melhor". O dirigente conversou com o próprio Gerson. Na terça-feira, o jogador do Flamengo prestou depoimento na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (DECRADI). Um inquérito da Polícia Civil apura as denúncias do jogador. Ao mesmo tempo, a procuradoria do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) pediu abertura de inquérito para apurar se houve alguma infração disciplinar por parte do jogador do Bahia.

Nesta quinta, o Bahia divulgou uma longa nota oficial, na qual ratificou a decisão de reintegrar Ramírez. "Os laudos das perícias em língua estrangeira contratadas pelo Bahia não comprovam a injúria racial e o clube entende que, mesmo dando relevância à narrativa da vítima, não deve manter o afastamento do atleta Indio Ramírez ante a inexistência de provas e possíveis diferenças de comunicação entre interlocutores de idiomas diferentes".

O clube ainda acrescentou dizendo que "o papel do Bahia é de formação e transformação, sempre preservando os direitos fundamentais e a ampla defesa. O atleta deverá ser reincorporado ao elenco tão logo os profissionais da comissão técnica e psicólogos entendam adequado".

Compromisso do clube

Na nota oficial, o Bahia ainda diz "entender seu papel de entidade de interesse público" e ainda se compromete publicamente a adotar um conjunto imediato de medidas estruturais:

1. Inclusão de cláusula anti-racista, xenofóbica e homofóbica no contrato dos atletas.

2. Proposta de criação de protocolo antidiscriminatório para jogos de futebol no Brasil.

3. Implantação do projeto “Dedo na Ferida” para o elenco na pré-temporada. Não haverá jogador ou jogadora que vista a camisa do Bahia sem que tenha antes a oportunidade de obter acesso a uma imersão sobre racismo estrutural.

4. Encaminhamento junto à mesa do Conselho Deliberativo do clube para incorporação de cotas raciais nas próximas eleições.

5. Inclusão de espaço no Museu do Bahia dedicado ao combate e debate do racismo, xenofobia, sexismo e LGBTfobia e demais formas de intolerância.

6. Apoio ao projeto de lei que Cria o Dia Nacional Da Luta Contra o Racismo no Futebol

E Ramírez x Bruno Henrique?

Além da análise sobre a denúncia feita por Gerson contra Ramírez, a checagem dos vídeos do Bahia x Flamengo trouxeram à tona uma discussão entre o colombiano e o atacante Bruno Henrique. Laudos de leitura labial encomendados pelo Bahia apontam que Ramírez foi chamado de "gringo de m...". O próprio jogador tinha relatado isso em um vídeo divulgado na segunda-feira.

O Bahia, em nota, diz que "além de negros, somos nordestinos e conhecemos bem o poder do preconceito e da exclusão pela xenofobia. Diante disso e das provas constituídas, caberá ao atleta Ramírez decidir pela denúncia ou não quanto ao tema – e ao Bahia apoiar a decisão".

Um laudo inicial contratado pelo Fla para a mesma cena chegou a dizer que Ramírez tinha dito "seu negro" para Bruno Henrique. A versão do Bahia trouxe a frase "tá quanto".

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